Olhamos para todos os lados, a
rua estava tomada por zumbis. Não encontramos Alexandre em nenhuma parte. Ao
longe, avistamos um cara que corria por cima dos carros e vinha em nossa
direção.
Os outros amigos saíram dos
carros e nós nos juntamos no centro do nosso pequeno cerco, formado pelos
carros. Alguns poucos zumbis já rastejavam sobre os carros tentando nos
alcançar, mas ficamos ali parados, armas em punho, eliminando um a um, até que
conseguíssemos identificar quem vinha correndo.
Corri até o carro e peguei o
velho revolver que era de Almir.
_JÁ ESTÁ BOM! NÃO SE APROXIME
MAIS! Gritei engatilhando a arma e apontando-a para o estranho.
Ele também puxou uma arma para
nós e começou a atirar, até que se abaixou e o perdemos de vista. Ouvíamos
apenas a sua voz.
_Uou, uou. Então vocês são
viajantes? Já tinha visto vocês vindo lá longe. Aposto que têm muita coisa boa
nesses carros, além, é claro, dessas duas mocinhas.
Ouvimos mais sons de tiros, agora
acertando nossos carros. Um caminhão militar subia a rua de ré. Na caçamba,
dois homens disparavam em nossa direção. Atirei de volta e nos abaixamos para
não sermos atingidos, mas estávamos em desvantagem. Assim que o caminhão parou
perto de nós, um zumbi de roupas camufladas surgiu, vindo de trás dos
atiradores e mordeu um deles na lateral do pescoço, arrancando um pedaço. Na
mesma hora o sangue jorrou longe, o que fez com que ele caísse perdendo muito
sangue. Com o impacto no chão, o fuzil disparou atingindo o outro atirador, na cabeça.
Procuramos novamente pelo homem que subiu a rua correndo e ele ainda estava
escondido.
Os zumbis ao nosso redor grunhiam
e batiam os dentes, como quem via um delicioso banquete. A confusão e o barulho
atraíram mais deles, que tentavam nos morder.
Valquírio e Diogo se adiantaram e
pularam na carroceria do caminhão para conferir se tinha algo que poderia ser
útil. Valquírio matou o zumbi e pegou o
fuzil das mãos de um dos cadáveres.
Diogo sumiu por um instante, mas
voltou para falar com a gente.
_ CARA, TEM UMA PASSAGEM DA
CARROCERIA PARA A CABINE! E AQUI ESTÁ
CHEIO DE ARMAS, FUZIS, PISTOLAS, MUITA MUNIÇÃO! VAMOS LEVAR TUDO! VOU DIRIGINDO
O CAMINHÃO E VOCÊS VÃO ATRÁS, BELEZA?
Assim que tentamos voltar para os
nossos carros, o primeiro cara reapareceu com a arma na cabeça de Natasha,
ameaçando atirar.
_ Você aí, garotão, joga a arma
no chão e chuta pra cá. Todos vocês! Nada de tesouras, facas... nada disso,
vamos logo. Isso é o mundo cão, meus queridos!
Eu, Aline, e Natasha estávamos
rendidos e sem alternativas, jogamos as armas no chão.
_ Onde estão os outros? Sei que
tinha mais gente com vocês. Cadê eles?
Apenas silêncio, essa foi a sua
resposta. Ninguém se manifestou. Os amigos no caminhão apareceram cada um
apontando um fuzil em sua direção. Natasha percebeu um dos zumbis vindo por
cima do capô de seu carro, por trás dela e do cara. E fingiu uma fraqueza nas
pernas, dando um passo para trás, enquanto falava alto para abafar o som que o
zumbi emitia. Agora, mais um zumbi se rastejava pelo mesmo caminho e Natasha
deu mais um passo para trás. Foi o suficiente para que o homem que lha ameaçava
fosse alcançado, levando uma mordida no braço que segurava a arma. Assim que
seu braço foi puxado, Natasha correu para nós. Diogo e Valquírio abriram fogo contra
o cara que chacoalhou lindamente no ar, espalhando sangue sobre o carro. O som
dos fuzis atraiu ainda mais zumbis que mergulhavam sobre o cadáver, enquanto a
poça de sangue só aumentava. Os disparos também assustaram o bebê, que estava
dentro do carro e começou a chorar novamente.
Precisávamos sair dali o mais
rápido possível, os carros já não eram mais barreira suficiente. Precisávamos
de um lugar mais seguro. Alexandre ainda estava desaparecido, mas uma busca sem
pistas seria inútil, e colocaria outros membros do grupo em risco.
Demos uma última olhada ao redor
e nada. Deixamos um carro com água, comida e armas, para o caso de ele voltar.
Ligamos os motores dos outros veículos e seguimos caminho.
Diogo ia na frente com o
caminhão, abrindo passagem, em seguida Natasha, Valquírio e Tekilla e, por
último, eu, Aline e o bebê.
Descemos a rua e seguimos rumo à
Vista Alegre, sempre com os olhos no retrovisor.
Até que Diogo acelerou e virou
numa rua cantando pneu e nós fizemos o mesmo. Já estacionado, ele saiu do
caminhão e correu na direção de nossos carros.
_Abaixem-se, eles não podem nos
ver!
Enquanto ele falava, três motos
subiram a rua, todas com duas pessoas. Não vimos armas, mas ainda assim era
preciso ter cautela.